É vergonhoso viver em um país que divulga diariamente estar em crescente desenvolvimento econômico além de uma suposta importância no panorama internacional e ter índices de analfabetos funcionais tão elevados como é possível ser observado em pesquisas divulgadas no mundo inteiro. Seriamos nós, professores, os únicos culpados? Seria o tal “sistema” vigente? A falta de governabilidade educacional? A falta de estimulo financeiro? Quantas interrogações são levantadas para justificar o fracasso escolar?
“A gente quer saída para qualquer parte...”.
Mediante uma reflexão ficam-nos algumas verdades: nós professores temos sim uma parcela imensa de culpa diante dos fatos. Fechamos os olhos diante da realidade de nossos alunos e continuamos fingindo que estamos ensinando e os educando fingem que estão aprendendo. Culpamos a falta de parceria dos pais, da direção, da coordenação, da comunidade, dos políticos e nos conformamos com a mediocridade de quem não coloca as mãos à obra. Mas é verdade também que vivemos num país extremamente burocrático que ao invés de ajudar muitas vezes atrapalha, mesmo vivendo na era digital, este “sistema” vigente anda a passos lentos. O tempo que se gasta analisado, vendo os prós e os contras, fazendo portarias, editando... E assim por diante... Enquanto isso as coisas ficam paradas ou até mesmo esquecidas no tempo. Temos governo, mas não temos governabilidade.
A cada ano somos cobrados para que forneçamos um IDEB melhor para ilustrar nossa imagem no exterior, mas pouco é feito para dar suporte a esses professores que lutam diariamente armados com giz, saliva e um mísero quadro negro (em alguns casos, nem isso) para possibilitar uma educação às tantas crianças do nosso país. Sem esquecer que precisamos obter um bom resultado na Prova Brasil, ENADE e nas tantas outras provas que temos que fazer durante o ano, pois é para isso que somos pagos. Pagos? Parece até piada diante da realidade salarial a qual estamos sujeitos.
Observando por este lado se compreende um pouco porque temos 75% de brasileiros analfabetos funcionais. Querem que saiamos bem na foto internacional jogando o lixo da casa debaixo do tapete.
E você caro leitor: tem sede de quê? Você tem fome de quê?
Eu sou professora e “não quero só comida, quero comida, diversão e arte”.
Vamos fazer a diferença?
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